domingo, 9 de agosto de 2009

Rev. Rubens da Silva Ribeiro


Passeando esses dias pelo orkut, na pagina de uma amiga, encontrei essa foto (inteira, agora tá "cortada"), de meu pai.
Foi feita no dia de um evento, na então nossa querida Igreja Presbiteriana Ebenézer, algo como "Culto das Debutantes", já que não fazíamos bailes.
Fiquei imaginando em quantos albuns de fotografia e filmagens, seria encontrada a figura de meu pai, afinal, foram tantos casamentos, batizados, cultos especiais etc...etc.
Mas, mais que fotos, sei de muitos que o guardam na lembrança da alma.
Meu pai era daqueles pastores à moda antiga, que visitava as ovelhas, participava e aconselhava na vida familiar, acompanhava nas doenças e claro, nas comemorações também.
Sei de histórias incríveis sobre sua vida pastoral, de pessoas que ajudou e que o ajudaram também, como é o caso da Dona Ana.
Dona Ana é uma senhorinha da Igreja de Sumaré, que ele pastoreou por uns bons anos, na casa dela, que ele visitava sempre, tinha reservada sua xícara especial para tomar café (de chá, porque sempre detestou as pequeninas, próprias para café) e um copo especial, para tomar.... água.
Sei que ele a visitava muito, e orava sempre com ela. (Cá entre nós, dona Ana tem uma certa intimidade com Deus, quando ela ora, a certeza que temos é que o Senhor parou tudo para ouví-la, e é como se conversassem como velhos amigos.) Tanto que, certa feita, quando minha irmã esteve com suspeita de uma doença grave, ele, muito abalado, ligou para Dona Ana, para que ela estivesse orando pela saúde da Márcia, e pelo seu próprio fortalecimento para suportar aquela dor.
Há histórias engraçadas também, como a da Fernanda, uma garotinha danada (hoje deve ser uma jovem senhora), que subiu ao púlpito, no meio do sermão, tirou o chicletes da boca e disse: Vc quer??? Claro, ele recusou....e não foi por estar usado, ele não gostava mesmo de chicletes!!!!
Tem a do Marquinhos também (ele deveria ter uns seis anos na época), que dizia que seria pastor, como ele. Um dia fez a mãe comprar uma gravata, uma calça social, camisa e, não deu outra, subiu ao púlpito e lá ficou, o culto inteiro, fazendo companhia ao pastor.
Tem a do Ricardo, filho da Rosinha e do Daniel, presbitero dos bons!!! Um domingo, por um descuido da família, tomou todo o vidro de remédio, daqueles tarja preta. Ligaram em casa desesperados.O menino estava desacordado! E lá fomos nós, é, porque dessa vez eu estava junto. Fizemos Americana a Campinas em 20 minutos,no velho Passat do meu pai, eu no banco de trás, verificando a pulsação, e meu pai que me olhava pelo retrovisor, para eu confirmar que ele ainda respirava. Hoje Ricardo é casado, pai de família.
E como essas, há muitas outras histórias. Algumas nem tão boas, porque, vamos combinar, Rev. Rubens tinha um temperamento, que nem sempre agravada a todos.

Como pai, sempre foi exigente e autoritário, e também um porto seguro. Não havia problema que ele não resolvesse. Tudo bem que a solução era a dele, e nem sempre a gente concordava.
E eu, na maioria das vezes discordava e acabava fazendo do meu jeito e, claro, dava tudo errado, ele só dizia: Tudo bem, filhota, agora vamos juntar os "cacos". Sempre foi sábio o bastante para não me dizer: eu avisei!

Hoje, Dia dos Pais, ele não esta mais aqui, e já há um bom tempo, e essas lembranças, a memória, os amigos, meu caráter e até esse temperamento, são a herança que ele nos deixou, a mim e a meus irmãos.

E por isso e muito mais, só tenho motivos para dar Graças a Deus, pela benção de ter tido como pai um homem escolhido de Deus, um plantador de sementes, um ungido do Senhor, que moldou em mim, a pessoa que sou hoje. Obrigada, Senhor!

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

E o barquinho vai......


Há alguns anos atrás, recebemos em casa a visita de uma família muito querida: pai, mãe e dois filhos. Estavam morando fora do país havia alguns anos. A mudança ocorrera por escolha profissional do pai, formado em medicina, decidiu ir para o país de origem da esposa, deixando sua incerta carreira brasileira para trás.
Minha primeira pegunta para ele, após o churrasco, que o filho, maravilhado com a quantidade de carne, fez questão de fotografar para mostrar aos amiguinhos do hemisfério norte, foi: E aí, como esta sua vida???
A resposta: Amiga, peguei o barco e comecei a remar, agora que estou no meio do lago, olho para as duas margens e, não sei se volto, ou continuo em frente!

Tenho pensando muito sobre isso: estar no "meio" do lago, do caminho, do projeto ou da vida.
Não gosto da expressão "meia" idade, até porque se aos cinquenta, a inteira seria cem, o que eu considero um exagero, já que após os oitenta é "só canseira e enfado".
Prefiro então dizer que estou atravessando o lago, e como me falta o senso, não sei precisar a que distância estou da outra margem, se na metade ou já a teria ultrapassado.
Na verdade o quê realmente importa, após ter iniciado a travessia, é saber o que levamos para usar durante o trajeto, e o que deve chegar até o destino.

Durante o percurso, muitas vezes somos obrigados, diante de fatores diversos, a nos desfazermos de alguma bagagem, excesso de peso, para tornar mais fácil a travessia.
Mas de algumas coisas não abrimos mão. Por mais "pesadas" que possam parecer, foram elas que deram a coragem para o inicio da empreitada, e são elas mesmas que nos sustentam durante e finalmente em nosso destino.
Estou como meu amigo.....no meio de um lago, olhando as margens.
Reconheço alguns pesos que deixei para trás, que me fizeram mais leve, mas outros, tenho receio de me faltarem no futuro.
Mas sei que a bagagem que carrego hj, e devo levar até o final da travessia, adquiridas antes de adentrar ao barco, foram bem protegidas durante todas as tempestades, que enfrentei, que não foram poucas, diga-se de passagem.
Espero, firmemente, tão logo que possivel alcançar o porto seguro lá na outra margem, sentir os pés em terra firme, e saber que valeu a pena enfrentar todas as adversidades, intempéries ......aportar meu barco!
Não importa quanto falte para isso....

E o meu barquinho vai........