quinta-feira, 6 de agosto de 2009

E o barquinho vai......


Há alguns anos atrás, recebemos em casa a visita de uma família muito querida: pai, mãe e dois filhos. Estavam morando fora do país havia alguns anos. A mudança ocorrera por escolha profissional do pai, formado em medicina, decidiu ir para o país de origem da esposa, deixando sua incerta carreira brasileira para trás.
Minha primeira pegunta para ele, após o churrasco, que o filho, maravilhado com a quantidade de carne, fez questão de fotografar para mostrar aos amiguinhos do hemisfério norte, foi: E aí, como esta sua vida???
A resposta: Amiga, peguei o barco e comecei a remar, agora que estou no meio do lago, olho para as duas margens e, não sei se volto, ou continuo em frente!

Tenho pensando muito sobre isso: estar no "meio" do lago, do caminho, do projeto ou da vida.
Não gosto da expressão "meia" idade, até porque se aos cinquenta, a inteira seria cem, o que eu considero um exagero, já que após os oitenta é "só canseira e enfado".
Prefiro então dizer que estou atravessando o lago, e como me falta o senso, não sei precisar a que distância estou da outra margem, se na metade ou já a teria ultrapassado.
Na verdade o quê realmente importa, após ter iniciado a travessia, é saber o que levamos para usar durante o trajeto, e o que deve chegar até o destino.

Durante o percurso, muitas vezes somos obrigados, diante de fatores diversos, a nos desfazermos de alguma bagagem, excesso de peso, para tornar mais fácil a travessia.
Mas de algumas coisas não abrimos mão. Por mais "pesadas" que possam parecer, foram elas que deram a coragem para o inicio da empreitada, e são elas mesmas que nos sustentam durante e finalmente em nosso destino.
Estou como meu amigo.....no meio de um lago, olhando as margens.
Reconheço alguns pesos que deixei para trás, que me fizeram mais leve, mas outros, tenho receio de me faltarem no futuro.
Mas sei que a bagagem que carrego hj, e devo levar até o final da travessia, adquiridas antes de adentrar ao barco, foram bem protegidas durante todas as tempestades, que enfrentei, que não foram poucas, diga-se de passagem.
Espero, firmemente, tão logo que possivel alcançar o porto seguro lá na outra margem, sentir os pés em terra firme, e saber que valeu a pena enfrentar todas as adversidades, intempéries ......aportar meu barco!
Não importa quanto falte para isso....

E o meu barquinho vai........

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