quinta-feira, 20 de agosto de 2015

“Fica aqui em pé do meu lado fifi”
Foi a frase que ela disse na última noite que dormi com ela no hospital.
Eu fiquei em pé todos esses anos.
Assiste, presencie, convive e sofri por 7 anos.
A luta contra uma doença que não tem explicação, lógica ou sentido acabou.
Deixou saudade, lembranças e a memória da mulher mais forte que já conheci, minha mãe.
Durante todo esse tempo, conheci pessoas, ouvi histórias e aprendi muito.
E por causa disso resolvi escrever, não pra contar a parte triste e, sim pelos 7 anos no qual ela lutou bravamente todos os dias.
Ela foi feliz, viajou, conheceu lugares novos, pessoas novas, e mostrou que pequenas coisas na vida são mais importantes do que a gente imagina.
Foi uma ótima mãe, tia, amiga e uma avô fantástica.
Me ensinou como ser uma pessoa íntegra, me fez ter orgulho e ser forte.
Em uma das nossas últimas conversas sérias eu disse que tinha medo de ser só, e ela me olhou e disse “eu escolhi ter você e foi pra ficar do seu lado pra sempre”.
E todos os dias, mesmo com essa saudade e dor eu sinto ela presente. Seja em pensamento, música ou pequenos detalhes do meu cotidiano.
Que esse blog e os textos dela sirva de inspiração para todas as mulheres e famílias que estão passando por isso. A luta é difícil porém cada dia ao lado “dela” vai valer a pena.
“Pode descansar mãe. Eu te amo e a nossa canção nunca vai parar de tocar”
Foi a última frase que falei pra ela.


Por Thais Ribeiro Gomes

quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Porque viver é preciso.....

Mais de dois anos sem escrever....que displicência, que falta de consideração!!! Mas, então porque escrever hj? Tenho dois bons motivos: O primeiro tem muito a ver com o segundo, então a justificativa vai junto e misturada, certo? Hoje, às 5:20 hs, Deus completou mais um presente na minha vida! Concedeu-me mais um ano inteiro de vida, e vida boa! Minhas companheiras de luta, minhas amigas, minha família sabem muito bem o valor disso. Tenho aprendido nestes últimos seis anos a importância que cada dia representa na nossa vida. Neste tempo conheci pessoas incríveis, reais e virtuais. Algumas já viraram estrelas, que trago dentro do coração, e outras ainda caminham comigo. Aprendi a amar e cuidar de flores (não tão bem quanto minha cunhada Solange), a viajar e observar com "olhos de ver" cada lugar novo que conheci, e que não foram poucos! (Monteral,Kitchener, Ottawa,New York,San Francisco, Los Angeles, Las Vegas, Bellefontaine e minha eterna paixão, Toronto!), Vivi a experiência inesquecível do outono no hemisfério Norte, paisagens impossíveis de serem descritas, ainda que fotografadas! Mas o mais importante em tudo isso, foi ter junto a mim, em todos os momentos, minha família! Razão da minha existência, da minha luta, do meu amor! Deus me concedeu o dom de ser mãe de duas jovens valorosas, tão diferentes e ao mesmo tempo tão iguais! Me deu o filho que eu sempre quis, meu genro! E se não bastasse, para coroar, me fez avó.....primeiro do meu grande amor, Miguel, e agora, ainda a caminho, a Beatriz! Sei que muitas pessoas tem acompanhado meu trajeto neste caminho meio complicado e inexplicável, às vezes árduo, cansativo, mas que tem sido vitorioso, graças a Deus! Conseguiram encontrar os dois motivos??? Claro! 1 - ESTOU VIVA! 2 - HOJE É MEU NIVER!!!!!!!! Então, quero agradecer a cada um de meu amigos e familiares, pela companhia nessa jornada, pela torcida, pelas orações, pela ajuda e carinho! Pelas inúmeras mensagens, recados, telefonemas, abraços e beijos no dia de hoje! Estejam certo que, sem vocês, o dia de hoje não faria o menor sentido! E continuemos, porque não acaba por aqui, não! Mas não, mesmo!! Ao meu Deus, toda honra e glória, por sua imensa misericórdia para comigo!

sábado, 29 de dezembro de 2012

Recordar é viver novamente ou Lembranças de 2012 ou Saudades da Norma

Há dias venho protelando isso: reativar o blog! Não escrevo aqui há séculos, mentira, desde março de 2011. Por que? Não sei, ou sei, mas tenho receio em contar. Hoje reli todos os meus posts aqui, dei risada, chorei, lembranças mil voltaram vivas. Também constatei que em algumas vezes contei estar curada, livre do Câncer, e o tempo mostrou que eu estava enganada, infelizmente! Muita coisa aconteceu nesse mais de um ano e meio: fiz mais quimio, tantas que na 32°deixei de contar, foram mais de 25k de sobrepeso. Mas eu vivi, e como vivi! Voltei ao Canadá no final de 2011 para passar Natal e Ano Novo com a Michele, junto com a família toda: Patty & Bruno & Miguel,Thais & Bruna. Passeamos muito por lá,Montreal, Otawa, Kichener, Niagara Falls, estivemos com a família Swartzentruber em peso. E no final conheci um dos lugares que sei, será o dos mais belos de minha vida: Montreblant, coisa de sonho, uma estação de esqui lindíssima!
Voltamos ao Brasil no dia10 de janeiro. Dia 4 de fevereiro a Patty & Bruno se casaram, em uma cerimônia linda, que também comemorou o aniversário de um ano do Miguel (dia 4de janeiro ainda estávamos em Toronto).
Pronto, estava preparada, com as baterias carregadas para enfrentar o ano que viria... Dia 11 de fevereiro fiz quimio. E dia 20 de março minha primeira consulta no Hospital A C Camargo, com Dr. Ranyell Spencer (bonito nome, né? Ele tb!!!rs) Começou então a minha saga para me submeter à cirurgia que seria minha melhor chance de "cura" ou ao menos me ver livre da quimio por um bom tempo, a famosa "citorredutora com quimioterapia hipertérmica", acho que é esse mesmo o nome, enfim....a idéia era retirar or micropontos de células cancerigenas visiveis e quimio quente pras invisíveis. Depois de pedidos e negativas do convênio, uma Liminar foi concedida pela Justiça e no dia 13 de julho, por 12hs estive sob os cuidados do Dr.Ranyell e sua equipe, e nós todos sob os cuidados de Deus. Uma complicação aqui, outra ali.....24 de setembro, ele me disse que só queria voltar a me ver depois de 3 meses! (Acho que não me aguentava mais!!rs). Em outubro estive com a oncologista, com os resultados recentes dos exames...Boas Novas...nenhum sinal de neoplasia (câncer). Retorno em 3 meses! Fui me recuperando aos poucos, voltei ao trabalho, a dirigir, a sair com as amigas.. Sempre com a certeza de que só pela misericórdia de Deus havíamos passado por tantas coisas. Eu digo no plural, porque sei, ou melhor, imagino o que minha família passou. Por que contar tudo isso? Porque esse blog foi importante pra mim, nos momentos difíceis que passei, mas principalmente, foi o instrumento que me ligou a uma pessoa, que estava do outro lado do país, que nos tornou amigas e companheiras de jornada, sempre demos força uma a outra, não chegamos a nos conhecer pessoalmente, mas usavamos a internet e o telefone para compartilhar nossas dores e esperança. Comecei esse blog sem grandes intenções, mas se ele serviu para ajudar, que seja a uma única pessoa, foi muito além do esperado. Norma, minha amiga, disse uma vez que ter encontrado o blog e saber de minha luta, foi o que a levou a crer que poderia também lutar, e ela lutou, e muito.Dizía que somos vencedoras, pois agora eu digo que Ela sim é vencedora, porque não foi o câncer que a levou, mas sim o Senhor, que se compadeceu de sua luta. Esse longo relato não é só para contar da minha luta, da luta da Norma, é também para eu não esquecer tudo o que passamos, e continuar a acreditar que a vitória é certa, pois Deus esta presente, cuidando de cada momento, e somente Ele é soberano sobre a nossa vida.

sábado, 5 de março de 2011

18 meses depois......

Não me perguntem, porque não saberei responder.


Simplesmente os dias foram passando, trazendo mudanças, umas boas, outras nem tanto, só sei que fui abandonando meu blog.


O quê me leva a concluir que talvez devesse mudar o título "Simples Assim" para "Nem tão Simples Assim"!


Mas não o farei, talvez por principio, ou quem sabe por teimosia (ainda acredito que possa ser "simples assim"!


De qualquer maneira, acho que devo, um breve relatório sobre o período ausente.


Pelos relatos, devem lembrar que eu havia feito minha última quimio pós cirurgia em outubro de 2009.


Fiquei então em "observação", repetindo o tal do exame CA 125, quase todos os meses.


O indice mais baixo que atingiu foi de 13, em fevereiro de 2010, e então.....recomeçou a subida...32......758!!!!


Pois é......RECIDIVA!


Recebi a notícia em uma tarde de sexta feira, no mês de maio, pelo acesso ao exame via internet.


Contei ao meu colega de trabalho que estava ao lado, peguei minhas coisas, vim para casa. A segunda pessoa a saber foi a Michele,liguei para o Canadá, contei....choramos, oramos e continuamos confiando no cuidado do Senhor.


O problema maior era contar em casa. A Thais, eu sabia que receberia a noticia, aparentemente bem, e diria: É? Não se preocupe, vamos retomar o tratamento e tudo vai dar certo, vc vai ver!


Já a Patricia, bem......ela é outra história. A vida dela nesse período outubro08-mai009, havia tido uma mudança radical, o amor aconteceu na sua vida, como um presente pelo período que ela passara comigo, sofrendo com o tratamento e suas consequências.


Mas, sem alternativas, tive que contar, o que não foi nada facil, como eu previa, muito choro, muita dor e muito questionamento.


Exatamente uma semana depois, na sexta feira, outro resultado de exame trouxe novas emoções, para todos nós: Patricia estava grávida!!!


Como agradeci a Deus!!!! Tenho certeza de que era a maneira dEle nos dizer, para vivermos cada dia de uma vez, e confiarmos nEle.


E assim foi.......o tratamento do cancer continuou, claro, e agora com mais energia: tenho um neto para conhecer!!!!!


E foi assim para outras coisas também: viajei.....muito!


Praia, passeios, Miami (fazer o enxoval do Miguel), e .....finalmente: CANADÁ!!!


A viagem dos meus sonhos, a visita que eu devia para minha grande amiga.


E foi simplesmente maravilhosa!!!! Tudo o que fizemos, conhecemos, conversamos, choramos, rimos,nunca vou esquecer. Tenho vívidas em minha memória cenas especiais, como as da janela do quarto dela, após uma nevasca,o sol refletindo no gelo dos galhos, e nós deitadas na cama, apreciando; eu sentada no sofá da sala, quietinha, olhando a lareira e o pensamento voando; o Lucas me trazendo chá, e também nos levando ao shopping com tanta paciência. Isso tudo é para sempre!


De volta pra casa, foi esperar poucos dias para o Miguel chegar, mas como não sou de ficar quieta, quis fazer justiça com "minhas próprias mãos" e saí correndo atras da Manuela, que havia roubado um lençol do varal e rasgado todinho!(Claro que a idéia foi da Zara), um tombo e....cotovelo quebrado.
O projeto de ficar 30 dias só por conta da Patty e do Miguel, forma por água abaixo!

Mas nada ofuscou o brilho e a alegria da chegada do nosso pequeno no dia 4 de janeiro, perfeito, saudável e....lindo (é....sou coruja sim, e daí???rs)


Todos os dias quando olho para ele, dou graças a Deus por sua misericórdia e seu cuidado para conosco!



Bom, agora vou explicar o porquê do retorno ao blog:



Acabo de ver pela GNT a reprise de uma entrevista da Dra. Nise Yamagushi à Marilia Gabriela.


Fiquei impressionada com essa oncologista! Não só por seu conhecimento e reconhecimento internacional, mas como também pela postura diante da doença e de seus pacientes. Ela ressaltou a importância de estimularmos em nós, a observação da vida, da importância de cada pequena coisa, de gestos e pessoas, da disposição para a vida, porque viver vale a pena.



Tive esse compromisso comigo, quando assumi ter esse blog, e, por um tempo, esqueci. Não que eu tenha mudado minha postura frente a doença, pelo contrário: após a recidiva em maio de 2009, reiniciei a quimioterapia. Aplicações a cada 21 dias, que deveriam ser 6. Na terceira tive uma reação alérgica muito forte, o que levou a oncologista, a mudar a medicação, e reiniciar o processo, ou seja, mais 6 aplicações. Fiz a última dia 21.02. Agora devo repetir todos os exames para nova avaliação.



Essa medicação é bem mais tranquila que a primeira, as reações são menos agressivas. Meus cabelos até cresceram!! Tudo bem que eles estão bem esquisitos, nada parecidos aos que cairam....mas são meus cabelos de volta!

Foi nesse aspecto que mais me chamou a atenção na entrevista, a certeza de que há pessoas envolvidas em estudos e métodos de tratamento e cura do câncer que causem menos transtornos, que apesar da doença, a pessoa possa ter qualidade de vida, principalmente para saborear coisas tão simples da vida, como uma xícara de chá quentinho no inverno do Canadá.

Enfim, continuo na luta.....mas feliz e confiante, na certeza de que Deus proverá as forças necessárias para enfrentar todas as batalhas que vierem, e também comemorar as vitórias, que são certas!



P.S.: Espero não demorar tanto para voltar a escrever!!!!


Claro, não poderia deixar de postar a foto da razão da minha alegria e corujice: Miguel




















sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Dor de amor


Que dor é essa que de tão sentida, parece que se pode tocar?
Que se assemelha a um morrer...
Que sufoca, que maltrata, que faz a alma definhar?

Que oprime o peito, que cega a razão
Que enlouquece os sentidos, que palavras não confortam.
Que dor é essa, que esmaga o coração?

É a dor de quem ama e perdeu,
Que assalta e rouba a vida,
E só conhece, quem já sofreu!

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

GPS .....Eu quero!!!!

Não sou muito familiarizada com aparelhinhos tecnológicos. Quando acontece de comprar um novo celular, ou qualquer outro que requeira programação e que tais, peço a ajuda preciosa da Thais. Ela sim, é perita no assunto. Então eu digo: leia o manual e depois me conte só o que eu realmente precise saber.

Bem, esses últimos dias foram de transtorno absoluto por aqui, porque tive minha quimioterapia da terça, dia 15, recusada pelo meu plano de saúde (ou de Plano de Doença, como diz um amigo meu).

Entre idas e vindas a Campinas, Americana, na tentativa de resolver a questão, restou que precisamos ir para São Paulo, na segunda dia 21, levar uma intimação direto na sede do tal plano médico.

Não tive dúvidas, peguei a Thais de motorista e o GPS emprestado da Elisete, e fomos pra lá.

Gentem!!!!! Que coisa maravilhosa é a tecnologia!! Achei demais o tal aparelhinho. Simplesmente digitamos o endereço do nosso destino, e ele nos levou até lá, indicando (com uma voz maravilhosa, diga-se de passagem) todas as ruas a seguir, as curvas a fazer e quando chegamos disse: Você chegou ao seu destino. E num é que era verdade??? Sem errar uma entrada sequer, e ainda avisa quando há radar na rodovia!!! E se, por alguma razão, vc teimosamente, entrar na rua errada, o danado refaz o caminho pra vc!!!!


Confesso, me apaixonei pelo tal aparelhinho, principlamente porque eu nasci desprovida de bússola, sou daquelas que se perde no estacionamento do shopping.

Em um determinado período, fui diversas vezes a Santo André (não conto a razão nem sob tortura..rsrs), e era simples, pegar a marginal Tietê, Av. do Estado e ir embora. Pois não é que eu conseguia errar todas as vezes???
Costumo dizer que sei ir, com certeza, a dois lugares em Sampa: Shopping Eldorado, e Mercado Municipal. Não exija mais que isso de mim, é perda de tempo!

Mas, meus problemas se acabaram!!!! Com o tal do GPS (traduzido pelo mesmo amigo, já citado, como Guia Para Sonsos ou Guia Patetas e Sensenso), de agora em diante, irei a qualquer lugar, pode????


É tipo esse aqui:





Daí que me veio uma idéia: do jeito que a tecnologia nos surpreende a cada dia, com suas inovações, quem sabe, quando eu sair do "hangar" (porque eu VOU sair, com certeza!!!!) já tenham criado o GPS (Global Positioning System, ou,em português, Sistema Global de Posicionamento), para localizar a posição exata do NAMORADO IDEAL!!!!!



Fala sério!!! Seria perfeito, não??? Como o tal aparelhinho que temos hoje,a gente digitaria as características desejadas do "alvo", e a nova criação nos avisaria com antecedência, os radares ou melhor, defeitos do dito cujo, as curvas levemente a esquerda ou direita, as acentuadas para nos desviarmos de obstáculos que, certamente, sempre acabariam em DRs (Discutir a Relação, coisa que nenhum ser humano merece nessa altura do campeonato)intermináveis, e quando, por fim, o DITO fosse localizado, a voz bonita do rapaz do aparelhinho diria: Você encontrou o seu AMOR!!!!!!


E aí, era só "correr pro abraço"......simples assim!!!!


Hummmm.......acho que tô pedindo muito, né? Bem, mas não custa nada (ainda) sonhar!!!


P.S.: Fiz quimio ontem. Foi a penúltima!!! Estou bem, até que comece o esperado CD.




domingo, 13 de setembro de 2009

Um ano depois.......


Há exatamente um ano atrás nascia esse blog, assim:

É apenas uma tentativa, vamos ver no que vai dar!
Pois então, parece que os próximos dias serão de cama e meditação. Sendo assim, já que dei a idéia, tomei pra mim tb, vou tentar manter o espaço com minhas impressões sobre a vida, pessoas e sentimentos (não necessariamente nesta mesma ordem).

Estive revendo os post que escrevi durante esse ano, pouco falei sobre minhas impressões sobre a vida, pessoas e sentimentos.
O blog acabou se tornando a maneira mais fácil de manter meus amigos (e poucos inimigos) informados sobre minha saúde, e todo o processo que veio acontecendo desde aquele setembro.
Muita coisa aconteceu, e quando escrevi que seriam "dias de cama", não fazia a menor noção de quão verdadeiro seria essa afirmação.
Quanto a "meditação", foram mais momentos de introspecção do que meditação, muitas vezes de silêncio, e poucas de choro, mas nunca de dúvida!
Na proxima terça feira devo receber a 11ª aplicação de quimio. Digo que "devo", porque depende do resultado do exame de sangue que farei amanhã (resultado sai no final da tarde).
Da última vez, quando Dra. Laura olhou o resultado do exame disse: é, pode fazer a quimio. O resultado esta normal para um organismo que já tomou nove quimio, tá cansado! Eu disse: Cansado??? Ele tá de saco cheio, e eu também!! Laura disse: Estamos!!!! E todas rimos.
Bem, mas voltando: um ano!!!
Tantas coisas aconteceram nesses doze meses! Foram duas cirurgias e dez aplicações de quimio, tem os 17 quilos adquiridos, inchaço, canseira, CD , algum enjoo e muito, mas muito carinho!
Quando pedi que me ajudassem, que lutassem comigo, eu sabia o quê estava fazendo!
A torcida continua firme e forte, até porque ainda estamos na guerra, mas temos vencido todas as batalhas até agora.
Diante do quadro que nos foi apresentado, da gravidade, de um exame que apresentava o louco número de 6.989 U/ml estamos hoje em 29,6 U/ml!!!
Em um ano!!!
Não vou dizer que foi fácil, mas também não foi tão dificil assim.
Aprendi muitas coisas, talvez até tenha ensinado algumas.
Aprendi a contar os dias, um de cada vez, a vivê-los um de cada vez. A ser paciente e ter paciência. A reconhecer a limitação do meu corpo, mas não da minha fé. A orar sem ter palavras, e saber que Deus estava alí perto, de ouvidos inclinados. A conhecer melhor meus amigos e entender e aceitar a reação que cada um teve diante da minha doença. Aprendi que a careca sente frio e calor, e quando os cabelos nascem, são fininhos como os de bebês, e que eles caem outra vez se vc recomeça a quimio. Aprendi que quem importa, não se importa com sua careca ou seus quilos a mais.

Tudo isso em um ano!!!!

Pois é, quando dei o título de "Simples Assim" para o blog, acreditava mesmo que tudo poderia ser simples assim, e não é que foi???

Há um ano eu tinha câncer, hoje não tenho mais, SIMPLES ASSIM!!!!!

Parabéns, meu blog.......vc sobreviveu aos meus piores CDs!!!!

sábado, 12 de setembro de 2009

Hai kai


Quando era adolescente, gostava de ler no jornal que meu pai comprava, as "tirinhas". Dentre elas, minha favorita era a que levava o título do post: Hai Kai

Decorei apenas uma, de tantas que li: Livre pensar, é só pensar.

Não me lembro do autor, mas gostava a simplicidade dos pensamentos.

Hoje sei que Hai kai é coisa de japonês, ao menos foi lá que começou esse jeito sintético de poetizar, o que me leva a pensar que tenha sido aí a origem da alta tecnologia deles. Conseguem por em um chip o mundo inteiro de informações.

Hai kai "é uma forma poética de origem japonesa, que valoriza a concisão e a objetividade."

Alguns exemplos:

outro outono
no chão entre as folhas
sonhos de verão

Ricardo Silvestrin


Florada de ipês!
Meu pai também se alegrava
Em tarde como esta...

Teruko Oda


O ipê distraido
pinta de amarelo
a grama do parque


Jorge Fernando dos Santos



fera ferida
nunca desiste -
luta pela vida

Carlos Seabra


primavera
- até a flor do algodão
quer ser amarela

Wilson Bueno


vento nenhum
parou para ouvir
o silêncio da noite

Alexandre Brito



Percebem o segredo, a beleza, a leveza? Em apenas três frases resumir todo o sentido de um fato, um ato, uma vida.
Por quê insisto em fazer da minha, um soneto, uma ilíada e não um simples "hai kai"?

domingo, 9 de agosto de 2009

Rev. Rubens da Silva Ribeiro


Passeando esses dias pelo orkut, na pagina de uma amiga, encontrei essa foto (inteira, agora tá "cortada"), de meu pai.
Foi feita no dia de um evento, na então nossa querida Igreja Presbiteriana Ebenézer, algo como "Culto das Debutantes", já que não fazíamos bailes.
Fiquei imaginando em quantos albuns de fotografia e filmagens, seria encontrada a figura de meu pai, afinal, foram tantos casamentos, batizados, cultos especiais etc...etc.
Mas, mais que fotos, sei de muitos que o guardam na lembrança da alma.
Meu pai era daqueles pastores à moda antiga, que visitava as ovelhas, participava e aconselhava na vida familiar, acompanhava nas doenças e claro, nas comemorações também.
Sei de histórias incríveis sobre sua vida pastoral, de pessoas que ajudou e que o ajudaram também, como é o caso da Dona Ana.
Dona Ana é uma senhorinha da Igreja de Sumaré, que ele pastoreou por uns bons anos, na casa dela, que ele visitava sempre, tinha reservada sua xícara especial para tomar café (de chá, porque sempre detestou as pequeninas, próprias para café) e um copo especial, para tomar.... água.
Sei que ele a visitava muito, e orava sempre com ela. (Cá entre nós, dona Ana tem uma certa intimidade com Deus, quando ela ora, a certeza que temos é que o Senhor parou tudo para ouví-la, e é como se conversassem como velhos amigos.) Tanto que, certa feita, quando minha irmã esteve com suspeita de uma doença grave, ele, muito abalado, ligou para Dona Ana, para que ela estivesse orando pela saúde da Márcia, e pelo seu próprio fortalecimento para suportar aquela dor.
Há histórias engraçadas também, como a da Fernanda, uma garotinha danada (hoje deve ser uma jovem senhora), que subiu ao púlpito, no meio do sermão, tirou o chicletes da boca e disse: Vc quer??? Claro, ele recusou....e não foi por estar usado, ele não gostava mesmo de chicletes!!!!
Tem a do Marquinhos também (ele deveria ter uns seis anos na época), que dizia que seria pastor, como ele. Um dia fez a mãe comprar uma gravata, uma calça social, camisa e, não deu outra, subiu ao púlpito e lá ficou, o culto inteiro, fazendo companhia ao pastor.
Tem a do Ricardo, filho da Rosinha e do Daniel, presbitero dos bons!!! Um domingo, por um descuido da família, tomou todo o vidro de remédio, daqueles tarja preta. Ligaram em casa desesperados.O menino estava desacordado! E lá fomos nós, é, porque dessa vez eu estava junto. Fizemos Americana a Campinas em 20 minutos,no velho Passat do meu pai, eu no banco de trás, verificando a pulsação, e meu pai que me olhava pelo retrovisor, para eu confirmar que ele ainda respirava. Hoje Ricardo é casado, pai de família.
E como essas, há muitas outras histórias. Algumas nem tão boas, porque, vamos combinar, Rev. Rubens tinha um temperamento, que nem sempre agravada a todos.

Como pai, sempre foi exigente e autoritário, e também um porto seguro. Não havia problema que ele não resolvesse. Tudo bem que a solução era a dele, e nem sempre a gente concordava.
E eu, na maioria das vezes discordava e acabava fazendo do meu jeito e, claro, dava tudo errado, ele só dizia: Tudo bem, filhota, agora vamos juntar os "cacos". Sempre foi sábio o bastante para não me dizer: eu avisei!

Hoje, Dia dos Pais, ele não esta mais aqui, e já há um bom tempo, e essas lembranças, a memória, os amigos, meu caráter e até esse temperamento, são a herança que ele nos deixou, a mim e a meus irmãos.

E por isso e muito mais, só tenho motivos para dar Graças a Deus, pela benção de ter tido como pai um homem escolhido de Deus, um plantador de sementes, um ungido do Senhor, que moldou em mim, a pessoa que sou hoje. Obrigada, Senhor!

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

E o barquinho vai......


Há alguns anos atrás, recebemos em casa a visita de uma família muito querida: pai, mãe e dois filhos. Estavam morando fora do país havia alguns anos. A mudança ocorrera por escolha profissional do pai, formado em medicina, decidiu ir para o país de origem da esposa, deixando sua incerta carreira brasileira para trás.
Minha primeira pegunta para ele, após o churrasco, que o filho, maravilhado com a quantidade de carne, fez questão de fotografar para mostrar aos amiguinhos do hemisfério norte, foi: E aí, como esta sua vida???
A resposta: Amiga, peguei o barco e comecei a remar, agora que estou no meio do lago, olho para as duas margens e, não sei se volto, ou continuo em frente!

Tenho pensando muito sobre isso: estar no "meio" do lago, do caminho, do projeto ou da vida.
Não gosto da expressão "meia" idade, até porque se aos cinquenta, a inteira seria cem, o que eu considero um exagero, já que após os oitenta é "só canseira e enfado".
Prefiro então dizer que estou atravessando o lago, e como me falta o senso, não sei precisar a que distância estou da outra margem, se na metade ou já a teria ultrapassado.
Na verdade o quê realmente importa, após ter iniciado a travessia, é saber o que levamos para usar durante o trajeto, e o que deve chegar até o destino.

Durante o percurso, muitas vezes somos obrigados, diante de fatores diversos, a nos desfazermos de alguma bagagem, excesso de peso, para tornar mais fácil a travessia.
Mas de algumas coisas não abrimos mão. Por mais "pesadas" que possam parecer, foram elas que deram a coragem para o inicio da empreitada, e são elas mesmas que nos sustentam durante e finalmente em nosso destino.
Estou como meu amigo.....no meio de um lago, olhando as margens.
Reconheço alguns pesos que deixei para trás, que me fizeram mais leve, mas outros, tenho receio de me faltarem no futuro.
Mas sei que a bagagem que carrego hj, e devo levar até o final da travessia, adquiridas antes de adentrar ao barco, foram bem protegidas durante todas as tempestades, que enfrentei, que não foram poucas, diga-se de passagem.
Espero, firmemente, tão logo que possivel alcançar o porto seguro lá na outra margem, sentir os pés em terra firme, e saber que valeu a pena enfrentar todas as adversidades, intempéries ......aportar meu barco!
Não importa quanto falte para isso....

E o meu barquinho vai........

sábado, 25 de julho de 2009

Seis semanas.......


É o tempo que faz que não escrevo aqui!
Por quê tanto tempo sem escrever??? Não sei bem a razão, mas confesso que tenho evitado até de "passar perto" daqui.
Talvez pelo fato de que, na maioria das vezes que escrevo, o tema esta relacionado ao momento em que estou vivendo, e nessas seis semanas, o efeito CD* foi prolongado por demais, me deixou preguiçosa e chata mesmo!
Dia 7 passado, fiz a segunda quimio, da segunda fase. E com a quimio, veio o resultado de uma tomografia, que havia feito há uns 20 dias.
A Dra. Laura, com a seriedade e responsabilidade que lhe são peculiares, disse que apareceu um "residual", qualquer coisa com um tamanho aproximado de 2,5 x 2,0 cm. No entanto, ela garante que não há motivos para mudança no tratamento, nem no projeto traçado pós cirurgia mas, confesso, foi um choque (mais um??).
Não deveria, não é verdade? Depois de quase 10 meses de tratamento, e respostas nem sempre tão "auspiciosas" quanto gostaríamos, essa é apenas mais uma. E temos sobrevivido bravamente a todas!
Sendo assim, decidi simplesmente não tomar conhecimento!
Não me entendam mal! Não vou fazer de conta que nada tá acontecendo. Mas se não muda em nada o tratamento, se temos que terminar as seis sessões, para depois refazer os exames e aí sim, se o "dito" resistir, estudar o quê fazer, qual a razão de eu me preocupar agora????
Talvez por isso não tenha escrito aqui. Tenho contado cada passo, e as reações são sempre as melhores, porque há progresso e caminho para a cura, e tive receio que isso "desanimasse" minha torcida, ou a mim mesma.
Daí, fiquei quietinha, chatinha e irritadinha, o quê tem muito a ver com a mudança de medicamento dessa segunda fase de quimioterapia: os cabelos não caem!!!! Mas o humor não é dos melhores....rsrs
Teve gente que falou que "chutei o pau da barraca" e mais um tanto de coisas!!!
Com razão, portanto, peço desculpas internáuticas!!!!

Bom, terça deve acontecer a terceira, ou a quarta, na contagem regressiva que me propus a fazer e, após ela, o tal do CA 125, que da última vez foi de 67U/ml.
Assim, espero compartilhar as novas (boas, se Deus quiser)daqui uns quinze dias.

*CD - Definição dada pelo Prof. E.G.F., para o meu período pós quimio, com todas as reações chatas tipo:dor, enjôo, vômito, canseira, chatice, etc etc...

** - Pra ser honesta, ando mais querendo é falar de amor do que de dor!!!!! Saco!!!!!

sábado, 20 de junho de 2009

Mistérios.....



Somos, todos nós, curiosos dos fatos que nos cercam. Por conta dessa curiosidade evoluimos, transportamos barreiras, criamos soluções e inventos inimagináveis.
No entanto, a permanência do mistério, relacionado a situações que vivemos, nos é praticamente insuportável. Queremos, necessitamos, é imprescíndivel que conheçamos a razão de tudo.
Lembro de uma novela, exibida há algus anos, em que havia uma persongem, uma senhora idosa, por nome de Dona Milú, que conhecia toda a história da cidade e seus personagens, mas fazia questão de manter tudo em segredo. Quando lhe perguntavam qualquer coisa que fosse, ela respondia: MISTÉRIOS!!!! E a moda pegou. Quando algo não tinha explicação, lá vinha o chavão: Mistérios de dona Milú!!
Na ficção era aceitável, mas na vida real, precisamos de respostas, razões que nos levem a segurança de saber o quê e o porquê de todas as coisas.
Não que tenhamos que nos conformar com tudo que nos acontece, sem qualquer questionamento. Entendo que na maioria das vezes, os ensinamentos que tiramos desses acontecimentos, serão fundamentais para nosso crescimento e entendimento da vida.
No entanto, somos desprovidos dessa sabedoria,a oniciência realmente não faz parte de nossas qualidades, é exclusiva do Senhor, que tudo sabe, tudo vê.
Muitos tem me perguntado o "por quê" de tantos acontecimentos que têm tumultuado as nossas vidas nos últimos tempos: o câncer, os transtornos, a invasão de nossa casa, a ameaça à vida da Thais, só tenho uma certeza:

"Porque nossa leve e momentânea tribulação produz para nós um peso eterno de glória" II Cor. 4.17

Posso não ter as respostas para todos os mistérios, mas confio em quem tem, e por ser assim, não há revolta nem desespero, há CONFIANÇA, sempre, como a criança que, sem temer, se lança aos braços abertos do pai, porque confia que ele NUNCA a deixará cair.

E eu sei em quem tenho crido!!!!!

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Hoje eu canto......


Pra rua me levar

Não vou viver, como alguém que só espera um novo amor
Há outras coisas no caminho onde eu vou
As vezes ando só, trocando passos com a solidão
Momentos que são meus, e que não abro mão
Já sei olhar o rio por onde a vida passa
Sem me precipitar, e nem perder a hora
Escuto no silêncio que há em mim e basta
Outro tempo começou pra mim agora


Vou deixar a rua me levar
Ver a cidade se acender
A lua vai banhar esse lugar
Eu vou lembrar você

É mas tenho ainda muita coisa pra arrumar
Promessas que me fiz e que ainda não cumpri
Palavras me aguardam o tempo exato pra falar
Coisas minhas, talvez você nem queira ouvir
Já sei olhar o rio por onde a vida passa
Sem me precipitar, e nem perder a hora
Escuto no silêncio que há em mim e basta
Outro tempo começou pra mim agora

Vou deixar a rua me levar

terça-feira, 9 de junho de 2009

Duas notícias..e uma escolha.....

Talvez hoje não devesse escrever.
Normalmente meus "posts" são otimistas, até porque EU SOU,irremediavelmente, uma otimista e, também, porque sempre procuro escrever sobre experiências pessoais, especialmente as que tenho vivido desde que comecei meu tratamento contra um câncer de ovário, mas, se dessa vez eu der uma escorregadinha, me desculpem.
Como disse no post anterior, fui submetida a uma cirurgia de retirada do tumor, que foi considerada um sucesso, pelo Dr. Torres (mais conhecido aqui em casa como Dr. House - não faço a menor idéia do porquê!!).
Analisado o material retirado na cirugia, fui "devolvida" a Dra. Laura (tem foto dela mais abaixo), a oncologista, que nos deu duas notícias: uma boa e outra não boa ("ruim" não vou escrever, tá????)
Interessante a capacidade que temos de ressaltar, ás vezes em demasia, uma situação.
Quando conhecemos uma pessoa, que a principio nos interesse, passamos a "ressaltar" as suas qualidades, com o tempo, quando os defeitos começam a aparecer, temos duas reações: se já gostamos da pessoa, eles são mínimos, mas, se ela já não nos é interessante, os defeitos se tornam monstruosos, sobrepondo de maneira irremediável qualquer qualidade.
Assim é também em outras situações de nossa vida, como no presente caso, tenho duas alternativas:
A primeira é me focar na notícia "não boa" e me decepcionar, chorar, lamentar e sofrer......
A segunda é enfatizar a boa notícia, festejar com ela, sentir um alívio, respirar e agradecer a Deus.
Não vou negar que, à principio, reagi mal, chorei e fiquei decepcionada. Mas isso foi às 16hs da tarde, e já são 20:40, portanto, vamos ultrapassar essa parte, certo?
Vamos lá:
A NÃO BOA: tenho que fazer mais seis aplicações de quimioterapia, como prevenção para que a doença não volte, reduzindo a possibilidade de alguma "mardita" microcélula cancerosa, safada, ter ficado perdida em algum canto do meu organismo.

Agora, A BOA: NÃO TENHO MAIS A DOENÇA!!!!!!!!

E isso não é maravilhoso?????

domingo, 31 de maio de 2009

Um perfume no ar


Manhã de domingo, céu nublado.
Tudo indica que deva ser um dia "enfurruscado", como diria a minha mãe.
Mas, em um quarto, sob n.º 39, no Centro Médico de Campinas, o sol brilha, o céu é azul, e há um especial perfume no ar.
Isso mesmo, estou escrevendo ainda de minha cama de hospital.
Quero contar para vocês que tem acompanhado todo esse processo comigo, como foram esses últimos dias.


A quinta feira foi de total ansiedade e expectativa, todo mundo andando na corda bamba, até as 17 hs, quando o Dr. Torres (mais conhecido entre nós por Dr. House..rs), deu as boas novas: a cirurgia foi um sucesso, melhor do que se esperava!
Vamos aguardar o resultado dos anatomos, para saber a continuidade do tratamento.
Mas, até que venham, o momento é de festa e agradecimento.
Primeiramente a Deus, que ouviu nossas preces, e quantas foram!!! Penso que Ele nem aguentava mais ouvir meu nome! rsrs
Sou grata a minha família, mais especificamente a Patricia e Thais, que têm cuidado de mim com carinho e dedicação.
E depois, a todos os familiares e amigos, incansáveis nas orações!
A toda equipe médica, que Deus conduziu, mesmo sem que soubessem.
A um sem número de enfermeiras que entram e saem deste quarto com medicação, medem a temperatura, pressão e atendem a cada chamado meu.
E algums delas, quando entraram aqui disseram:Este é o quarto mais perfumado do hospital!
Respondi que era o perfume da alegria, até que uma delas completou....é o perfume de Jesus.
E não é?????





fotos by Patty (Centro Médico de Campinas)

quarta-feira, 27 de maio de 2009

"Faz um milagre em mim"



Tenho ouvido ultimamente, um cântico de louvor que tem tocado muito o meu coração, e tem sido a minha oração diária.
Talvez seja pelo fato de estar muito mais sensível nesse período de tratamento.
Hoje, véspera da cirurgia, que deve nos mostrar o resultado de todo esse processo, e direcionar os próximos passos, tive um dia abençoado.
Foram tantas orações, telefonemas, recados, cuidado de amigos e parentes tão queridos e tão preocupados comigo, que posso dizer agora, no final da noite, que meu coração esta leve e tranquilo.
Sei que o Senhor Meu Deus estará guiando todos os meu passos amanhã, e conduzindo as mãos daqueles que estarão cuidando do meu corpo.
Tenho certeza de que Ele já operou um milagre em mim, mas ainda assim, peço que se junte comigo nessa oração, quem sabe vc tb não precise de um milagre???


Como Zaqueu eu quero subir,
O mais alto que eu puder.

Só pra te ver, olhar para Ti,
E chamar sua atenção para mim,
Eu preciso de Ti Senhor,
Eu preciso de Ti o Pai.

Sou pequeno demais,
Me dá a tua paz,
Largo tudo pra te seguir.

Entra na minha casa, entra na minha vida,
Mexe com minha estrutura, sara todas as feridas,
Me ensina a ter Santidade,
Quero amar somente a Ti,
Porque o Senhor é meu bem maior,
faz um milagre em mim.

sábado, 23 de maio de 2009

Eu quero uma casa em Campos


Acho que ele deve ter estado lá, quando compôs a música!
Fomos todos surpreendidos ontem, quando da notícia do falecimento de Zé Rodrix.
Na hora me veio a canção, e cantarolei para minhas filhas que, embora conhecessem a música, não sabia nada sobre o compositor.
Falei o que sabia, o quanto era inteligente e versátil: compositor, cantor, marketeiro,escritor e de um humor inigualável.
Voltamos de Campos do Jordão na terça, bem no finalzinho do dia, e lá, naquele lugar privilegiado, eu havia cantado essa música.
Penso que, quando a escreveu, o Zé conseguiu expressar o desejo íntimo de cada um de nós que vive nos centros urbanos cheio de horários, compromissos, agito e muita, mas muita violência.
Esses dias passados lá, na tranquilidade e no frio, próprios do lugar, me deram ânimo novo para enfrentar o que esta por vir, é, semana que vem, quinta feira: cirurgia.
Naquele lugar de céu límpido, de um azul de doer nos olhos, e de noites frias e céu forrado de estrelas, que quase se pode tocar, a certeza de que estamos nas mãos poderosas e seguras do Criador, é confirmada.
A vontade, além de cantar a canção, é de vivê-la ali, naquele lugar mágico.
Há obras primas em nossa cultura musical, sem dúvida, essa é uma delas:

CASA NO CAMPO

Eu quero uma casa no campo

Onde eu possa compor muitos rocks rurais

E tenha somente a certeza

Dos amigos do peito e nada mais

Eu quero uma casa no campo

Onde eu possa ficar no tamanho da paz

E tenha somente a certeza
Dos limites do corpo e nada mais

Eu quero carneiros e cabras pastando solenes
No meu jardim

Eu quero o silêncio das línguas cansadas

Eu quero a esperança de óculos

E um filho de cuca legal

Eu quero plantar e colher com a mão

A pimenta e o sal

Eu quero uma casa no campo

Do tamanho ideal, pau-a-pique e sapé

Onde eu possa plantar meus amigos

Meus discos e livros e nada mais!

Onde eu possa plantar meus amigos

Meus discos meus livros e nada mais!

Onde eu possa plantar meus amigos

Meus discos e livros e nada mais!


Obs.: Composição de Zé Rodrix e Tavito.

domingo, 10 de maio de 2009

10 de Maio - Dia das Mães

Era um domingo como o de hj. Dia de sol com esse arzinho frio de outono, céu azul de doer os olhos, mas eu só perceberia isso algumas horas mais tarde.
Morávamos ainda em Americana, e meus pais, já há muito, aqui na Chácara.
Acordamos cedo e fomos a Igreja, eu, Ronaldo e as meninas.
Lembro muito bem do encerramento da Escola Dominical: hinos, poesias e homenagem às mães. E que fiquei observando, com uma certa inveja, a esposa e a filha do pastor Joás, trocando abraços e beijos, e pensei que em poucas horas eu estaria fazendo o mesmo com minha mãe.
Sempre fomos muito ligadas, eu e ela. No período em que eu fazia faculdade, papai já era pastor na igreja de Americana, e eu morava com minha avó em Campinas. Quando chegava o final de semana, vinha para a casa deles, e a primeira coisa a fazer era ir para meu quarto, com a mamãe, e contar TUDO que havia acontecido durante aqueles longos cinco dias. Na manhã de sábado, íamos às compras. Papai ficava meio bravo com isso, mas acho mesmo que era um tanto de ciúmes por essa intimidade toda.
Naquele domingo terminada a ED, passamos em casa para trocar de roupa, para depois virmos para o almoço dominical, que nesse dia, também era "das Mães". Aproveitei para dar uma geral na cozinha, e nesse momento, não sei de onde, me veio uma tristeza e comecei a chorar, assim, do nada, sem nenhuma explicação.
Chegamos na chácara por volta do meio dia. Vazia. Meus pais, minha irmã e sobrinhos não haviam chegado ainda da igreja. Nessa época papai era pastor em Cosmópolis.
Como eu tinha chave da casa, entrei já ouvindo o telefone, que corri para atender.
A partir daquele momento, nossas vidas, minha, de minhas filhas, de meus irmãos e sobrinhos, mudou radicalmente.
Tenho lembrança de cada detalhe. De cada telefonema que tive que dar. De quantos abraços recebi. De quantas explicações dei.
A primeira pergunta era sempre a mesma: Os dois?? E a mesma resposta: É, os dois!
Depois de todas as providências tomadas, fui para o pomar. De lá fiquei olhando a casa cheia, como em dia de festa, como meus pais gostavam. Só não havia o som de risadas e músicas.
Apanhei uma laranja e, conforme ia comendo os gomos, para tentar amenizar o "bolo" que se formara em meu estômago, tive a certeza de que aquele momento, aquele lugar, aquela cena, jamais sairiam de minha memória.
Hoje, passados dezessete anos, o domingo é lindo, de sol e céu azul...e é dia da Mães.
Sem dúvida a dor é bem menor, mas a saudade, essa é imensa.
E eu sei que sempre que comemorar essa data, a cena no pomar, a lembrança daquele dia voltará, viva, como se o tempo não tivesse passado.
Mas não há mais tristeza, há só saudades e gratidão, o legado que me deixaram, a força, os princípios esses foram fundamentais para formar a pessoa que sou, e que tento hoje, passar para minhas filhas.
E há alegria,porque é DIA DAS MÃES, e tenho duas pessoas lindas a me lembrar disso, com beijos, abraços, como os que já dei.
"Herança do Senhor, são os Filhos"




Patty ainda bebê


e


Thatinha


sábado, 25 de abril de 2009

143,5.......2 x 0

Pois é....esse é o placar atual!!
Ou seja, estamos vencendo a guerra, já que somos vitoriosos em duas batalhas.
A primeira, quando baixamos o Ca (lembra, o tal da Glicoproteína???) de 6.980 U/ml para 521 U/ml, isso após três sessões de quimioterapia.
Agora, findo o ciclo de seis quimios, baixamos a dita para 143,5 U/ml!!!!!
Sem dúvidas uma vitória a ser comemorada, não é mesmo???
Claro que se tivéssemos conseguido "zerar" seria perfeito, mas, como disse a Dra. Laura, a oncologista que "cuida" de mim, esse "restante" vamos tirar na cirurgia.
Portanto, na próxima quarta feira, após a consulta com o Dr. Torres, provavelmente já teremos a data da cirurgia, aí sim, diremos que vencemos a guerra, ou ainda nos resta uma batalha a enfrentar.
Por que estou escrevendo no plural??? Bom.....não estou sozinha nessa luta, né mesmo???
Acho justo incluir a família e os amigos aqui.


Essas fotos são da sexta e ÚLTIMA (se Deus quiser!!!) quimio,

Cris, enfermeira dedicada e muito bem humorada,

Dra. Laura, além de muito competente, um doce de pessoa! (Coisa de baixinhas mesmo...rsrs).

Tenho muito a agradecer às duas, afinal foram cinco meses e seis sessões em que foram companheiras, compreensivas e me ajudaram muito nessa luta. Dizer "obrigado" seria muito pouco, o quê espero, e desejo, é que continuem a exercer o seu "ministério" como o mesmo amor e dedicação que têm hj.

Enfim, pessoas.....darei notícias na próxima quarta, dia 29, combinado?

Segue um texto que recebi por email, que venho tentando praticar, às vezes sem sucesso, durante todo esse tratamento:


ATITUDE!!


Uma mulher acordou uma manhã após a quimioterapia , olhou no espelho e percebeu que tinha somente três fios de cabelo na cabeça.

- Bom (ela disse), acho que vou trançar meus cabelos hoje.

Assim ela fez e teve um dia maravilhoso.

No dia seguinte ela acordou, olhou no espelho e viu que tinha somente dois fios de cabelo na cabeça.

- Hummm (ela disse), acho que vou repartir meu cabelo no meio hoje.

Assim ela fez e teve um dia magnífico.

No dia seguinte ela acordou, olhou no espelho e percebeu que tinha apenas um fio de cabelo na cabeça.

- Bem (ela disse), hoje vou amarrar meu cabelo como um rabo de cavalo.

Assim ela fez e teve um dia divertido.

No dia seguinte ela acordou, olhou no espelho e percebeu que não havia um único fio de cabelo na cabeça.

- Yeeesss... (ela exclamou), hoje não tenho que pentear meu cabelo.

ATITUDE É TUDO!


Faça a sua parte e deixe o restante com Deus .

sexta-feira, 10 de abril de 2009

E o resto é mar......



Todo final de ano, assim como tem meu niver, o Natal e o Reveillon (putz....é um saco escrever essa palavra!!) tem CD do RC (leia-se Roberto Carlos).

Não torça o nariz! Vai-me dizer que num tem, pelo menos UMA, música dele que você goste, que te lembre alguém, um amor, um desamor????

"Olha vc tem todas as coisas, que um dia eu sonhei pra mim,
A cabeça cheia de problemas, não importa eu gosto mesmo assim.."

Esse foi o tema de meu primeiro amor, lá nos idos dos meus 17 ou 18 anos, ouvi infindáveis vezes, a ponto de enlouquecer minha mãe e "gastar" o long play. É, porque naquele tempo os discos eram de vinil e tínhamos vitrolas incríveis com direito ao chiado da agulha "raspando" no disco.

Pois é, fui fã ardorosa, apesar de suas manias e superstições, hoje justificadas como TOC (Transtorno Obssessivo Compulsivo...) que, vamos combinar, tinham seu charme e mistério, condições essenciais para a sobrevivência da imaginação fértil e juvenil.
Durante muitos anos, meu presente de Natal foi o lançamento do Rei.Ganhei de pai, mãe, irmã, namorados e marido.

Não sei dizer quando deixei de ganhá-los. Talvez tenha sido quando não havia mais tanta emoção em minha vida que justificasse uma trilha sonora,ou o inverso, sei lá.

Dia desse, a caminho do trabalho (é, eu trabalho, embora muitos duvidem disso!), ouvi na rádio o meu "idolo" em parceira com Cae (o Veloso) cantando Tom Jobim.

A lembrança que me veio, foi de tardes pós escola, deitada no chão do meu quarto, com a vitrola ao lado, a cabeça longe, e o coração adolescente, apaixonado.
Fui tomada por uma emoção indescritível. Um misto, de ternura, saudades, tristeza e esperança.

Uma vontade enorme de fazer o tempo voltar, de resgatar aqueles sentimentos, os planos, os sonhos não realizados.

Claro que a música acabou, e tinha o trânsito, e o trabalho me esperando, e o celular chamando, e o processo com prazo vencendo.....e tinha toda a vida acontecendo.....então, tive que voltar ao presente.

Sempre amei ouvir musicas(exceto sertanejo, axé e pagode), gosto de todos os gêneros, mas ainda sou fã (bem mais moderada dele, RC). E não sou a única, certamente!

Conheço muito gente que até diz que não gosta, mas sabe "by heart" a maioria delas, e até usa como meio (adorável) de sedução!!!

Descobri, naquela hora, alí, dentro do meu carro,que nesse momento da minha vida, passados tantos anos de minhas tardes juvenis, ainda tenho sonhos, desejos e muita disposição para o amor.

E que posso (devo!!!!) novamente ter uma canção de "fundo musical", então escolhi, nem é de autoria dele mas, cantada por ele, o "meu tema":

"Vou te contar, meus olhos já não podem ver,
coisas que só o coração pode entender
Fundamental é mesmo o amor,
é impossível ser feliz sózinho
E o resto é mar, é tudo que eu não sei contar
São coisas lindas que eu tenho pra te dar
Vem de mansinho a brisa e me diz:
É IMPOSSÍVEL SER FELIZ SÓZINHO...
Da primeira vez era a cidade
da segunda o cais e a eternidade
Agora eu já sei
da onda que se ergueu no mar
E das estrelas que esquecemos de contar
O amor se deixa surpreender
Enquanto a noite vem nos envolver..."


Agora, se encontrar alguém para um dueto, quem sabe escolha um outro tema?
Canta comigo?

sábado, 4 de abril de 2009

Conselho

" Se me pedissem que desse um único conselho que fosse o mais útil para toda a humanidade, seria este: espere alguma dificuldade como uma parte inevitável da vida, e quando ela chegar fique com a cabeça erguida, olhe-a direto nos olhos e diga: " Eu vou ser maior do que você. Você não pode me derrotar". "
(Ann Landers)




Ainda que para isso, você use óculos escuros!!!!!!

quarta-feira, 25 de março de 2009

Expectativa



"Esperança fundada em promessas, viabilidades ou probabilidades: a expectativa de um bom negócio. / Ansiedade, esperança."
Busquei no dicionário a definição da palavra, não porque eu não soubesse, mas para deixar expresso aqui.
Pois é assim que estou, ansiosa!
Lembrei daquele versículo: "Não andeis ansiosos, pela vossa vida....", mas quem disse que me sossegou??? Lembrei dos lirios do campo, acho linda a comparação...
Há alguns meses tenho vivido um misto de sentimentos: medo, surpresa, aflição, alegria. Mas hoje é de pura esperança.
Na próxima terça devo fazer a sexta quimioterapia.
Conversando com um amigo, concluímos que passou bem depressa e ainda, passou e passei bem.
Não posso reclamar, as reações foram absolutamente suportáveis.
Claro que algumas incomodaram mais: ficar careca é péssimo, engordar é mais péssimo ainda!
Mas fora isso, devo admitir que foi bem melhor do que eu esperava.
Sei que hoje, tenho por obrigação dizer isso. Minha médica quem me alertou: todos que passam mal alardeiam aos quatro cantos, mas quem supera sem grandes alterações, não segue o mesmo caminho.
Claro que não é a coisa mais agradável do mundo, mas esta sendo suportável.
E o melhor (se é que posso dizer assim) é que as coisas vão acontecendo gradualmente.
você começa a perceber as alterações no seu corpo. Por exemplo, antes do cabelo começar a cair, vc percebe que aumenta, e muito, a sensibilidade do couro cabeludo.
É o sinal que TODOS os pelos do seu corpo irão cair. Esqueça o telefone e endereço da depiladora, não precisará dela por um bom tempo!!!!
Bom, a peruca, chapéus e lenços ajudam a resolver essa questão estética e, aprender a "desenhar" as sombrancelhas e fazer o "contorno" dos olhos é fundamental!
Isso tudo acontece, ao menos pra mim aconteceu, na primeira aplicação. Já o aumento de peso é gradual, a cada sessão de quimio, há a tortura de subir na balança, e perceber que o peso só aumenta e aumenta!
Passei por isso tudo, e neste momento, que antecede a última quimio, minha ansiedade e expectativa estão no auge.

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Comecei a escrever esse texto no sábado, e obvio que não terminei.
Andei meio relapsa com meu blog, e até preguiçosa mesmo.
Mas, hj, quarta feira, decidi terminá-lo.

Pois é, o auge da expectativa me levou a uma profunda crise de choro na segunda feira, após receber o resultado do exame de sangue e minha médica dar o veredito: Nada de quimio amanhã!
Taí o resultado de uma grande expectativa......frustração.
Por mais que eu tenha dito, e acreditado, que não cabiam a mim as decisões, nessa hora esqueci de tudo!
Chorei....e muito, pela minha impotência diante dos fatos.
E não há nada que eu possa fazer, porque depende exclusivamente do meu organismo eliminar o excesso da quimio anterior.
Não há uma alimentação específica que ajude a aumentar o índice dos tais neutrófilos, ou sei lá o nome direito desses pestinhas. Definitivamente, eles mandam muito mais que eu!
Confesso que já tinha tudo "esquematizado" na minha cabeça: última quimio, avaliação, cirurgia. Já me via recuperada por volta do mês de maio, pronta para comemorar o Dia dos Namorados, embora não tenha um (ainda...rs).
Mas esses eram os MEUS planos, acontece que Ele tem Seus próprios planos.
E que nem sempre são os meus,não que os meus não sejam bons, é que os dEle são muito melhores, para mim.
Tudo bem, meu Deus, vou tentar me aquietar outra vez, já estava me esquecendo, não é mesmo??

"O coração do homem faz planos, mas a resposta certa vem do Senhor."

O quê é uma semana, para quem acredita na promessa de um sem números de semanas?

sábado, 7 de março de 2009

Pacientes Especiais


Nesta última terça feira recebi minha quinta dose de quimioterapia.
Pela primeira vez tive a companhia e os cuidados da Thais.
Incrível como os filhos são tão diferentes e tão iguais. Foi atenciosa e prestativa, como a Patricia também o foi, nas quatro anteirores.
Chegamos as duas da tarde e só saímos as sete da noite, sendo que a aplicação mesmo, só começou às quatro.
Nesse tempo todo, estivémos na sala de espera. Um entra e sai sem fim, de médicos, enfermeiras e pacientes muito pacientes.

Estava esperando minha hora quando vejo chegar uma senhora sorridente que me cumprimentou, ainda de longe, com um "oi, tudo bem?".
Dirigiu-se a recepção, falou com as atendentes, e retornou, chegou perto de mim e disse: Oi, querida! Vim marcar a minha quimio, fiz na semana passada. Ainda tenho 16 radio (radioterapia) e depois mais 4 quimios. Nossa,vc acredita que ainda tenho gosto de metal na boca!!!(e riu) E vc, como esta?
Na verdade, confesso que não me lembrava de ter falado com ela antes, mas não tomem isso como displicência de minha parte, é que a quimio "queima" um pouco a minha memória recente, além de "alterar" rapidamente a aparência daqueles que se submetem a esse tratamento.
Mas como ela já havia me cumprimentado na chegada e se dirigido diretamente a mim, supus que já houvéssemos conversado anteriormente.Agora, com ela mais perto observei melhor.
Estava tão bonita e elegante! Usava um vestido de tecido levinho, claro, com uns pequenos detalhes em amarelo, uma bolsa grande, moderna, amarela, um chapéu claro, de abas largas e uma fita com laço, tb amarelo. Mas, mais que tudo, seu rosto estava lindo, com uma leve maquiagem, as sombrancelhas desenhadas a lápis, um batom colorido nos lábios.
Contei que estava aguardando minha vez, para a penultima!!! E que o tratamento estava indo muito bem. E acrescentei, no final do nosso curto diálogo: Vc tá linda! Tá muito bem! Ela respondeu: Vc tb tá ótima. Tudo de bom pra vc! Trocamos beijinhos e ela se foi, sorridente.
Aquela cena ficou gravada em mim.
Ontem a Patty começou a me falar sobre um livro que ela está lendo(Amor, Medicina e Milagres - Bernie S. Siegel)e que classifica a nós, pacientes portadores de câncer, em três categorias:
- Aqueles que querem morrer, consciente ou inconscientemente, portanto ao tomarem conhecimento da doença ignoram, não aceitam, ou fazem pior, aceitam como sentença fatal.
- Aqueles que fazem tudo o que lhes mandam fazer, desde que não exija alteração radical na sua vida, que esperam que os remédios e os médicos sejam os únicos responsáveis pelo tratamento e cura.
- E os que, em menor número, entre 15 e 20%, não querem fazer o papel de vítimas, que aprendem a especialidade de cuidar de si mesmos. Exigem dignidade, personalidade e controle, seja qual for a evolução da doença. Não esmorecem, discutem alternativas, ou seja,lutam pela suas vidas, lutam bravamente contra a doença, e por isso são chamados de PACIENTES ESPECIAIS.

Na hora me veio a mente a figura elegante de minha "amiga" de chapéu com laço amarelo;depois no rapaz de vinte e cinco anos que já se sentou por duas vezes ao meu lado, na sessão de quimio, que não consegue chegar ao final sem que as reações comecem, mas chega sempre sorridente; naquela outra senhora que mesmo sentada ali, brinca com todas as enfermeiras, todos os paciente, ri alto e fala de suas possiveis paixões, e na minha amiga Vera, que tem uma fé inabalável, que sempre me diz: estamos curadas, não tenha dúvidas.

E disse isso a Patricia, que me respondeu: Você também é uma Paciente Especial!

Tenho certeza de que aqueles que tem convivido comigo me considerem muito mais uma IMPACIENTE ESPECIAL, do que qualquer outra coisa.
Sempre digo que tenho agido, diante do câncer, como reajo diante de todas as coisas da minha vida. É o meu jeito, não sei ser diferente disso, e não acho que isso me torne "especial".Não me dispus a lutar "especialmente" contra a doença, sou tão teimosa que estou sempre disposta a lutar contra TUDO com que eu não concorde. E posso garantir, não concordo nenhum um pouco com essa doença, menos ainda com suas reações e consequências.
No entanto, estou certa que ESPECIAL é a oportunidade que esta me sendo dada, de lutar pela minha vida, de rever meus valores, de buscar mais as bençãos que Deus tem preparado para mim, da Sua presença e do Seu cuidado para comigo.
Especial é o privilégio de conhecer pessoas fortes e lutadoras, que não esmorecem, que usam chápeus com laço amarelo e batom nos lábios, e que sorriem ao dizer: tenho 16 radio,e mais 4 quimio, e estou ótima! Estas sim, são PACIENTES ESPECIAIS.

domingo, 1 de março de 2009

Não levou o Oscar....



mas bem que merecia!!!!
Assistimos, eu e a turma aqui de casa, nesta quente tarde de domingo, o filme O Curioso Caso de Benjamim Button.
Filme ótimo!!! Daqueles que prendem a atenção do começo ao fim, e é longo.
O título minimiza a qualificação do "caso de Benjamin". Curioso é muito pouco, é incrível, inimaginável, impossível....
Bobagem ficar aqui fazendo observações desnecessárias.
O quê interessa mesmo é que o filme fala específicamente sobre amor, e suas diversas nuances.
Brad Pitt, está impecável, com e sem maquiagem, e lindo, como sempre.
O mesmo para Kate Blanchett, linda até envelhecida.
O filme termina deixando a certeza de que o amor existe, e esta por aí, à solta, a nossa espera.
E o mais importante, como diz a canção:
"Qualquer maneira de amor vale a pena, qualquer maneira de amor vale amar..."

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Um dia frio, um bom lugar pra ler um livro.....


Campos foi tudibom!!!
Dias perfeitos para quem queria fugir do calor e do carnaval.
Tranquilidade absoluta.

Clima perfeito para preparação.....estamos na reta final! Quinta quimio na próxima terça, isto é, se o exame de sangue que fiz hoje permitir (resultado só na segunda).
Mas estou tranquila.....Afinal: TODAS (eu disse T O D A S!!!) as coisas concorrem para o BEM, daqueles que amam a Deus!!!!

Beijos amados

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Não pise na grama e Não beije na boca!





Costumava dizer que fora a impossibilidade de vida e não a ausência de amor que nos separara.
Havíamos nos conhecido pouco mais de um ano após uma dolorosa separação, a minha. Longas conversas, troca de poemas, segredos, confidências e a descoberta de uma alma sensível do outro lado da tela, o quê durou alguns meses, até que decidimos pelo encontro.
Quando aconteceu, foi como se nos conhecêssemos há séculos e, o que acontecia apenas em palavras tomou forma.
Sempre que falo sobre essa fase, digo que ele foi um divisor de águas, do tempo na minha vida. Sei de mim antes e depois dele, apenas isso. Diria que não apenas permitiu como estimulou o desabrochar (bonito isso, não?) da mulher que morava em mim, não aquela que andava pela casa, cuidava dos filhos e do marido, mas a que eu via, apenas eu, quando me olhava no espelho.
Quando nos separamos, apenas fisicamente, um ano depois, falei isso pra ele, que me respondeu: “Não fiz nada, esteve tudo sempre aí....só faltava florir”.
Por mais de dois anos, foram apenas os poemas, algumas frases trocando notícias, raríssimos telefonemas, e qualquer possibilidade de encontro rejeitada.....era preciso respeitar a impossibilidade da vida.
Bem, mas a vida..... a vida a gente sabe como é: reserva surpresas.
Um dia, chega um email: um curso aqui na cidade, seria possível um encontro??
Há certas coisas que o tempo não muda.
Fui buscá-lo final de tarde de um sábado.
Quando entrou no carro, beijou aquele beijo de cumprimento, como se nos tivéssemos visto no dia anterior, fiquei imaginando até que seria pelo hábito, um descuido,...fez brincadeiras, como sempre.....o tempo não havia mudado nada.
Como nada??? Pintei os cabelos, vc não notou????
Não conhecia a cidade, e disse: Estou em suas mãos, vc é a anfitriã!
Escolhi um dos lugares que mais gostava na cidade. Um bar/choperia, instalado em uma casa antiga, restaurada, com um jardim lindo e um cão maravilhoso como mascote.
Sabia que ele iria gostar.
Final de tarde, noite caindo, luzes do jardim começando a serem acesas, e a conversa rolando solta, alegre.
A vida acabara de tornar possível o reencontro. Coisa especial essa possibilidade, quantas pessoas tem esse privilégio? Nós tivéramos. Foi impossível ficar indiferente a emoções que o reencontro trazia.... olhos nos olhos, as mãos a se tocarem de leve....
A noite chegou mansa, as luzes acesas. E
Estávamos praticamente sozinhos naquele lado do jardim, apenas uma mesa mais adiante com uma família, o casal e duas crianças.
O clima era propício..... a saudades, as lembranças, a proximidade.....impossível resistir.....um beijo.....outro beijo.....mais um, daqueles que a gente vai de mansinho, sente a mão na nuca, fecha os olhos e...sonha.
Até que ouvimos: Com licença..... Licença??? De onde vinha aquilo?? Interrompemos o beijo.....o clima....o sonho....
A garçonete estava parada em nossa frente, nos olhando (a mim pareceu que com certa satisfação) como se fosse a coisa mais natural do mundo interromper uma casal, que troca beijos!
Fiquei pasma, mas ela continuou impassível: É que acontece o seguinte, é proibido beijar aqui.
Não, eu não estava ouvindo aquilo, era um pesadelo. Mas ela insistia: São ordens. A casa é familiar, e os beijos podem constranger as crianças.
Sorri, completamente sem ação, sem noção, sem chão. Claro, tudo bem. Só faltou pedirmos desculpas.
Mal conseguia olhar para ele, de tão envergonhada que estava. até que.....espere um pouco! Como é que é?? Não pode beijar??? Céus, mas onde estamos??
Isso mesmo, não se pode pisar na grama, nem beijar na boca nos jardins da choperia!!!!!
Sentia-me ridícula, uma senhora,com mais de quarenta anos (também não direi quantos acima....), advogada, respeitada, mãe de duas moças, ser interpelada por uma jovem, por estar trocando beijos.... eu disse BEIJOS!!!
Ficamos tão constrangidos, que não nos restou alternativa senão pedir a conta e sair dali.
O responsável pelos beijos, divertia-se com minha indignação: Já sei vc não vai ficar calada, não é??
Num esforço para entender a situação, pedi que a conta fosse trazida pelo gerente da casa, o que aconteceu depois de certa relutância por parte dos funcionários. Comentei o ocorrido e, que como frequentadora antiga da casa, estava constrangida.
Foi a mesma explicação: “pode constranger as crianças”.
Olhei a única mesa ocupada nas proximidades,a família continuava lá, onde já havia alguns copos de chopp vazios sobre a mesa, e disse com o gerente: O senhor certamente tem razão!
Certamente não valeria a pena argumentar com ele, com certeza ele acreditava que era mais correto nos constranger por trocarmos beijos, do que aos pais que bebiam na frente dos filhos.
E saímos dali,onde era proibido pisar na grama, beijar na boca e permitido beber à vontade!
Mas o momento merecia mais que proibições, saímos em busca de um lugar onde fosse permitido beijar, e achamos!E o encantamento voltou, agora, sem restrições.
E recomendo: Crianças, pisem na grama......beijem muuuuuito na boca, e esqueçam as bebidas alcoolicas, e sejam felizes!!!!

(Esse texto foi escrito há uns 5 ou 6 anos. Resolvi postá-lo, depois de tanto tempo, por saber, neste ultimo final de semana, que hoje em dia, uma parte do casal em questão, esta feliz, apaixonado e, pode beijar em qualquer lugar.Be happy, honey!!!)

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Oi, Linda! ou O quê é um nome?



Sabe aquela cena de Romeu e Julieta, quando ela, já apaixonada (tolinha..rs) e após descobrir que o objeto de seu amor, é inimigo fidagal de sua família, questiona a importância ou não de um nome, já que ambos estão apaixonados, tipo assim:

"Oh, Romeu Romeu.. Pq tinha de ser Romeu?
Renega teu pai, rejeita teu nome.
Ou então, Jura que me tens amor,
e deixarei de ser uma Capuleto..."


Pois hoje eu tô pra dizer que acho importante, é muito, um nome!
Claro que não estou aqui me referindo a sobrenomes quatrocentões, aqueles que se vangloriam de ter cinco ou seis sobrenomes, comprovando a descendência de famílias importantes.
Quero falar dos nomes que damos às pessoas que fazem parte de nossas vidas.
Por exemplo, não há uma explicação lógica para o fato de a minha filha Patricia chamar sua amiga Ana Paula, que se conhecem a bem uns 13 anos, de ZÉ. É isso mesmo, chamam-se, uma a outra de Zé, e o que era uma brincadeira, acabou pegando. Outro dia no meio de uma festa, a Ana de longe, chamou a Patty: ô Zé!!! Claro, a Patty atendeu, e ninguém mais entendeu!!
Mas esse não é o único nome que ela e suas amigas se reconhecem, tem também: Kabeça, Zóio, Tupicio e Fórfinho (essa eu amo de paixão). São todas essas aí da foto!
Claro, é uma brincadeira entre elas. Mas também é uma forma especial que escolheram de se reconhecer.
Acho uma graça, me divirto com elas, e fico também admirada, porque são amigas há muitos anos, estudaram juntas, mas hoje são profissionais formadas em áreas diferentes, e continuam amigas e seus "nomes" permanecem.
E são nomes especiais, mais que os escolhidos pelos seus pais, foram escolhidos por amigas, por razões diversas, mas carinhosas, que acabaram por marcar suas vidas.
É por isso que não entendo, e fico muito brava (nem todos meus genes ruins foram destruídos pela quimio!), é quando alguém chama a mim de: linda!
Bom, primeiro que não sou, segundo que estabelecem esse "linda" como nome padrão, nivelam e igualam a TODAS as mulheres. Como se não fossemos seres únicos e especiais.
Ou talvez por conhecerem tantas, seja uma maneira fácil de não errar o nome na hora de chamar por uma delas.
Entendo que sejam pessoas superficiais, distraidas, que não conseguem estabelecer com outra pessoa ligações sinceras, que resultem em cumplicidade, afinidade e amizade.
Só é pior quando nos chamam de "Ô tia, vai levar o tomate??" ou então aquela secretaria, mais para "secretina": "Vc pode aguardar na linha, querida?" e tantos outros nomes que rolam por aí sem o menor significado.
Portanto, discordando (guardada as devidas proporções) da querida Julieta x Romeu, um nome é importante SIM.
Meus amigos, na sua maioria, têm nomes especiais que lhes dei. Todos sempre por uma razão especial, porque são especiais, cada um com sua própria característica.Tem a Ly, a Esther Maria, a Lalá, o Coração, o Bebê, o Bé, o Rabuja.....
E eu também recebi nomes especiais dados por eles, para uns eu sou Tâ, Tan, Nanica, Peste, Tan tan, Taninha, até de Boba - Lerda - Zureta, mas sempre com muito carinho!!!!

Ah, Julieta.....se vc num tivesse cometido o desatino de tomar aquela poção que te deram, além de ter ficado viva e curtido seu amor, dava vc a ele, o nome especial que quisesse, mesmo que fosse Romeu.

What's in a name? that which we call a rose,
By any other name would smell as sweet.
William Shakespeare